Como Elis – por Fernanda

Pensa na Elis cantando… Não é igualzinho à Cilânia vivendo? Cilânia vive na mesma intensidade em que canta Elis!

https://www.youtube.com/watch?v=2qqN4cEpPCw&feature=youtube_gdata_player

Dona Cilânia – por Bel

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AMIGO APRENDIZ

Quero ser teu amigo,
Nem demais e nem de menos…
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te como próximo, sem medida…
E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade,
Sem jamais te sufocar,
Sem forçar a tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar.
E sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais…
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso:
É tão difícil aprender…
Por isso, eu te peço paciência.
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças…
Dê-me tempo
De acertar nossas distâncias!

Fernando Pessoa

sexta feira, 3 da manhã

Eu e você.

Sentados num café de tarde de outono madrilenha. Mesa na calçada, vento gelado nas orelhas, lado a lado a fumaça dos dois cafés em paralelo. Perroux dizendo o óbvio do fundo do café, “I’m all right…”.
Risos em conversas caindo como o cinza da noite sobre o vermelho do fim do dia. Conversas dessas que um assunto puxa outro, outro assunto puxa risos, risos puxam gargalhadas, e uma pequena troca de olhares desce assim, café quente em dia frio.
Seu casaco preto pesado e meu cachecol vermelho, meu casaco verde que já recorreu essa cidade talvez mais vezes que eu, sem o último botão que caiu em um café, em malasaña em abril do ano passado.
Te contava essa história que por algum motivo despertou a última gargalhada. a gargalhada que me despertou pro dia quente do verão paulista. “I’m all right, I’ve been lonely before..”

 

Cíclico

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Decidi retomar o blog. Outra vez. Que a vida é assim, em círculo, em ciclos. E hoje, porque pós 30 é, definitivamente, novo ciclo. Vai mudar de cara, de letra, de jeito, parar, voltar, esticar, calar e rir, muito rir. Que é disso que o blog vai. De jeito de estar no mundo.

um lugar pra chamar de seu.

Numa conversa com um amigo, erradicado por agora em Lisboa (ah lisboa), que está no Brasil por essas coisas de fim de ano, perguntei se ele já tava sentindo saudades da casa portuguesa e ele respondeu, sem dúvidas nem gaguejos um sonoro não. E me lembrei que de fato, era só o primeiro ano, e no primeiro ano a gente não sente saudades da terra nova. Mas o avisei que esperasse o segundo, porque na segunda volta,  a saudades do lugar que te abriga aparece, e ele teria saudades lisboetas.

Hoje outro  amigo me contava que, pela primeira vez, sentiu saudades de Brasìlia enquanto estava fora… fiquei pensando nisso. Eu ainda não, eu ainda não tenho saudades de Brasília, tenho saudades da minha casa (isso sim em Brasìlia foi rápido, achar o lugar que chamar de casa) mas não da cidade. Me contentei com voltar para Brasília sem tristeza, coisa que só aconteceu depois de 6 meses.

Fiquei lembrando da primeira vez que senti saudades de Madrid. Era fim de ano, em São Paulo, na praia, toda família reunida, sol mar e caipirinha, mil acontecimentos que seguravam meu coração ali onde estava meu corpo e em um momento, dentro do mar veio um sopro pequeno que ao mesmo tempo molhou meus olhos e abriu um leve sorriso contido. Estava ali, pensando ao mesmo tempo na cidade, na minha cidade e minhas pessoas, e aquela cidade era Madrid. A partir de então virei bigama, e tinha saudades de São Paulo em Madrid e de Madrid em São Paulo e nada poderia ser melhor que ter dois amores permitidos. Ainda que, confessar aos meus paulistas favoritos a saudades da outra, tenha levado algum tempo. E continuo “extrañándola a diario” e não tem dia que não lembre de alguma rua, algum bar, um grafite, uma janela, um detalhe que for da castiza.

Aqui em Brasília, quase dois anos depois da volta tive um sopro meio diferente ao lembrar de Jakarta… Incrivelmente a detestada cidade no meio do mais incrível país, quase dois anos depois, ganhou um pedacinho de amor e saudades. E me deu vontade de voltar, e devorar a cidade do jeito que não fiz da primeira vez, e entender a beleza no meio da feiura e do caos, (coisa que deveria ser especialidade de qualquer paulista apaixonada como eu) e me acabar até sair de lá chamando aquela de minha outra cidade.

No fim comentava com meu amigo, o saudoso de Brasília, que a gente só tem saudades daquilo que conquistou, daquilo que dá pra chamar de teu, e daquilo que pode te chamar de seu. E vim pra casa feliz de ter duas minhas cidades no mundo.

 

 

 

Ja nadei em tres oceanos.Visitei quatro continentes, morei em tres. Falo tres linguas e arrasto duas mais. Ja fui pra Bali. Ja nadei no indico e no mediterraneo. Visitei uma ilha paradisiaca perdida no meio do nada. Coleciono amigos de todas as partes. Ja mudei do capitalismo ao socialismo e hoje estou perdida em uma terceira via que ainda nao sei qual e. Sei o que e amar e ser amada. Ja vi gente nascer, vi meu pai ir. Ja realizei um monte de sonho, morar no exterior, trabalhar pra ONU, conhecer lugares. Aprendi a conhecer e desconhecer-me. Gosto de mudar. De casa, de lugar, de pais, de mim. Tenho medo. Do futuro, de relampago e de barata. E do tao aclamado desemprego. Sei rezar, meditar e cantar mantra. Acredito em Deus, Alah, Krishna e Brahman. Leio sociologia, antropologia, biografia, espiritologia e romances, sempre. Sonho porque isso me mantem viva e em movimento. E aguardo o que a vida trouxer pra mim.
Ate la. Adeus Indonesia, foi um prazer.Que a vida, otura vez,me surpreenda.

20 dias

sim eu continuo na contagem regressiva pra voltar pra madrid. agora com uma correria aqui que quase me proibe atualizar o blog e um vizinho que nao quer mais ser meu provedor de itnernet. Enfim, resolvi listar as coisas que eu vou sentir saudades:

1. Ser milionaria: sim literalmente sou milionaria aqui. Meu salario e de milhoes de rupias. tudo bem que mil rupias valem dois reais. e dai ne?

2. Bali ta logo ali: tudo bem eu fui pra la dua vezes so. Mas e sempre reconfortante saber que Bali ta logo ali, ha uma horinha de voo de voce.

3. Ter um trabalho: assim de simples. Na minha cabeca e sempre mais divertido estar empregado que desempregado.

4. As outras voluntarias: que fiz amigas lindas que sabe Deus quando eu vou ver de novo.

5. O Pepenero: o Pepenero e um restaurante italiano. Um dos melhores lugares que ja comi na vida. E um jantar delicinha custa so 20 reais. Pensa bem…

6. mmmmmm eeeeeeee mmmmmmmm eeeeeeeeeeeeeee…

ta nao vou sentir tanta falta assim do pais, ja tinha dado pra perceber.

o mico do ano.

estive sem atualizar. Semana passada fui pro retreat da empresa, uma reunião dessas de 4 dias em que mandam todo mundo pra um hotel pra fazer exercícios de motivação. Preciso comentar???

Chegamos lá, eu com o espírito de porco super construtivo (o hotel era 5 estrelas e tinha uma piscina enorme). Na primeira reuniãsao entram dois senhores asiáticos gritando nos microfones. Nos ensinaram os 3 gritos que usaríamos a cada 20 minutos durante 4 dias:

Ele gritava SELAMAT e a gente tinha que responder gritando e motivado PAGI (é tipo, bom dia)

Depois ele gritava PERNAMBAM (ou qualquer coisa assim qeu em 6 meses eu só aprendi 10 palavras de Bahasa) e as pessoas gritavam SAYA!

Por fim UNDP e o grito era GO GO GO (em algum momento substituido por GETTING BETTER AND BETTER).

Bom, esse era o mico institucionalizado. E fica pior.

Não vou fazer comentários sobre os diferentes exercícios de motivação. Na minha opinião são inúteis. Quer me motivar? Me paga bem, me faz trabalhar de acordo com os termos de referência e de vez em quando paga a minha cerveja. Se me leva pra um hotel 5 estrelas, me meter dentro de uma sala gritando essas coisas o dia inteiro é desmotivante. Quer me motivar, DEIXA TEMPO PRA EU USAR A PISCINA E, OUTRA VEZ, PAGA A MINHA CERVEJA.

Ok.

Então em uma noite decidem fazer a noite cultural. Em que todos, TODOS, temos que participar. Dividem as pessoas pela região de onde vêm. Como eu sou a única Latino Americana do escr itório me puseram no grupo do Unidos de Qualquer Lado: Brasil, Europa, Ásia Central e Norte da África. Sorte que existe uma unidade cultural enorme entre o Brasil, a Albania, o Marrocos, o Cazaquistão e Usbequistão, a Itália e a Suécia. Pra melhorar no meu grupo estavam o representante do PNUD no país , o Diretor e a Deputada (os 3 cargos mais altos da empresa). E claro, qual era a minha função?

Sambar.

Sim eu tive que sambar na frente de 160 indonesos (40% homens) muçulmanos e TODOS os super chefes. E sorrindo. Porque não podia sair xingando a mãe de todo mundo.

Pra piorar no meio da “dança típica” algum FDP gritou “UNDP GO GO GO”.

Comentários?

Ps1: já imaginou o que a ONU poderia fazer com a dinheirama que se gastou nesse retreat? considera que tem 2 por ano…

Gringolandia

Já está quase pra acabar a minha estada na Indonésia então tô comprando os fogos de artificio e a churrascada é por minha conta percebi que só falei dos costumes estranhos dos Indonesos.

Pra acabar com essa injustiça resolvi dedicar esse post aos costumes bem estranhos dos gringos que moram por aqui (e parece que por muitos lugares do mundo).

1) Gringo vai ao cinema e reclama que a legenda está em bahasa. Pô, queria o que?

2) Gringo se reune toda última quinta feira do mês no bar para… Jogar Quiz. Montam equipes, a equipe ganhadora da útlima rodada é responsável por organizar o quiz (ou seja as perguntas e categorias) do mês seguinte, a equipe ganhadora ganha a bebida de graça. E assim vão das 8 às 11 da noite sentados no bar, jogando Quiz. (Claro que da vez que eu fui uma das perguntas foi “Cuzco está em que país?” e alguns responderam BOLÍVIA)

3) Gringo joga ULTIMATE qualquer coisa. Aqui por exemplo tem o Ultimate Frisbie. Porra! Frisbie… esse negocinho que vc joga na praia. Aqui são equipes com 7 pessoas, uma super estrutura pra jogar, ULTIMATE FRISBIE.

4) Gringos fazem grupos. Tem o grupo de corrida que corre perto do zoológico, o grupo de caminhada, tem até o grupo que se reune não sei que dia do mês para tomar vinho não sei onde…

5) Gringo fala com todo mundo em inglês e fica puto se neguinho não entende. Meu querido, tá em outro país, percebeu não?

Enfim, vir pra indonesia não foi me adaptar a uma cultura, mas a duas, a dos indonesos e a dos “expats”.

Orquídeas no jardim

No jardim da minha casa tem orquídeas. Orquídeas das quais minha mãe cuida como as carolas da batina dos padres.

Tem a branca do canto direito, uma violeta, uma laranja, uma branca com o centro violeta. Eu nunca dei muita atenção às tais orquídeas mas sei como elas apareceram em casa. Um dos últimos passeios que lembro de ter feito com meu pai e minha mãe juntos foi uma visita à uma exposição de orquídeas. Nesse dia meu pai comprou alguns dos exemplares que estão até hoje tão devotamente cuidados no quintal.

O fim de semana que passou fui visitar o jardim botânico de Bogor, um dos maiores da Ásia, que pra minha supresa tinha orquidário. Fiquei horas perdida em meio a orquídeas e lembranças. Dizia que se existisse um Éden pra minha mãe sería aquele. E de fato a idéia da existência de Deus (alah, ou quem seja) vinha à minha cabeça em cada detalhe de cada pétala, na perfeição da distribuição das cores, na sedução silenciosa das orquídeas.

Acabei comprando uma, igual às brancas com lilás que temos em casa. Está no meu quarto ao lado da minha cama e todas as noites antes de dormir, ou as manhãs ao acordar fico alguns momentos admirando e vivendo as pequenas memórias que me trazem. E em esses 5 minutos do dia encontro um espaço para recuperar minha fé.